Um milagrinho parte II - A chegada da Giovanna em nossas vidas 💖

      

      








        
Era meados de 2014, nessa época eu estava no primeiro ano da faculdade, tinha 3 filhos com 3, 7 e 10 anos, trabalhava e administrava em dois comércios do ramo alimentício e por algum compromisso importante, o qual eu não me lembro agora eu consegui agendar uma hora no salão de beleza para fazer as unhas, mesmo não tendo tempo para nada em uma época que eu costumava dormir quando muito 3 horas por noite, sim, eu arrumei um tempo e fui ao salão. 

        Enquanto eu fazia a unha, do nada, a Sueli, manicure que depois ficou muito mais próxima, naquela época pouco sabia da minha vida, perguntou : -Adri, você tem uma filha pequena? E eu respondi: -Tenho sim, a Bia que nessa época estava com 10 anos. A Bia não é minha filha biológica, e eu conto mais sobre nossa história aqui, mas como para mim isso nunca a diferenciou, quando ela perguntou se eu tinha uma filha eu respondi sem titubear que era a Bia. 

        Contei a Sueli um pouco sobre a minha história e da Bia e ela  disse: - Não é essa! quando você entrou no salão o Senhor me mostrou em seu colo uma filha, uma menininha nascida de você, e eu respondi: -Ahh não.. então eu não tenho não..e ri..

        Óbvio que é brincadeira, mas eu sempre disse que naquela hora eu "amarrei" a profecia. O "amarrei" como linguagem oriunda de um bom "crentês", do "Tá amarrado!", era a forma que eu buscava brincando para expressar que eu não queria ter mais filhos, pois vocês hão de concordar comigo que 3 já é um número muito significante. 

        Eu vivia exausta, cansada pela rotina puxada de trabalho e estudos e ainda me sentindo um fracasso como mãe, pois não conseguia dedicar o tempo necessário a criação e a educação deles, não foram poucas vezes que eu saía pra ir à faculdade eles estavam dormindo e eu entrava depois do expediente da segunda lanchonete eles estavam dormindo, eu mal os via, e isso acabava comigo, porém eu julgava que era um esforço necessário para dar a eles um futuro melhor.

        Embora me encantasse a ideia de ter uma menininha, pois na minha única gravidez bem sucedida veio um menino que também conto a história bem aqui, e porque quando a Bia se tornou minha filha já era um pouquinho maior, fui convencida pela razão de que mais uma gravidez, parto, pós parto e tudo mais que vem junto com um bebê não era o que eu estava disposta a enfrentar novamente.

        O tempo passou um pouco, e cerca de 2 anos após ter ouvido aquilo da menina nos braços, eu confesso que já nem lembrava mais... Nessa época eu já tinha uma vida um pouco mais tranquila, eu havia me desfeito de uma das lanchonetes, e na outra eu já contava com a parceria de 2 amigas para cuidar e trabalhar no operacional, eu havia ficado apenas com a parte administrativa. Então apesar de ainda cursar a faculdade, agora no 3o ano, eu tinha mais tempo que antes, e tinha decidido que assim seria para que eu pudesse dedicar mais tempo aos meus filhos. 

        Lembro-me bem, que nos finais de semana daquela época, o sábado exclusivamente era dedicado aos meus filhos mais velhos, enquanto o Gustavo ficava com o papai, eu saía no sábado de manhã levar a Bia para o curso de modelo que fazia na época e passava um tempo com o Calebe enquanto aguardávamos ela. Depois, próximo do meio dia nós íamos almoçar os 3 juntos, e a tarde íamos juntos para a igreja para participar de atividades de juniores e adolescentes.. 

    Eu me achava o máximo, porque eu conseguia dedicar 1 dia inteiro só pra eles, e porque eu me doava ficando esperando eles na igreja ou no curso, já que não convinha ir pra casa e depois buscá-los porque era muito longe. Depois, as vezes íamos pro shopping fazer algo que eles gostassem, passávamos o caminho de ida e volta conversando sobre coisas, sentimentos, fé.. Ô tempinho precioso que eu espero que eles lembrem com o mesmo carinho que eu. 



    Mesmo que eu conseguisse dedicar um sábado todo para meus filhos mais velhos levando eles para atividades e passando algum período só com eles, ainda tinha o Gu, e nessa época eu ainda sentia muita culpa, eu fazia isso no sábado, porque durante a semana eu não dava conta de nada, eram 3 filhos pra ajudar na lição de casa, cuidar das casa, roupas, materiais, agendas, refeições, marido, e ainda dar conta do TCC que eu estava fazendo na época.. Mesmo sem as lanchonetes, ainda era puxado e a culpa me consumia a ponto de vária vezes eu pensar em trancar a faculdade para ser um mãe melhor, e essa história eu conto aqui.

    É aqui que essa história, a história da Gigi começa.. era um sábado, dia 13 de agosto de 2016, e eu havia saído com os filhos mais velhos como fazia todo sábado. Aquele dia eu sentia um cansaço além do normal, uma sonolência barra pesada, e enfim, eu não me sentia bem. Saímos de casa para o curso de modelo da Bia, lembro que enquanto ela estava no curso eu fui com o Calebe fazer algumas compras para a lanchonete que eu ainda tinha, voltamos pegar a Bia, almoçamos no restaurante que gostávamos de ir, fomos pra igreja e nesse dia, tiramos essa foto, eu estava lá com eles, e por eles, mas confesso que a vontade de passar o dia na horizontal só descansando e vendo tv não saía da minha mente. As atividades na igreja terminava as 18h, então saímos da igreja e fomos pra casa, pois nesse dia eu precisava entregar a matéria prima pra lanchonete produzir e vender naqueles dias..




    Chegamos em casa e eu me joguei no sofá, com as pernas doendo como nunca e inchadas além do normal, eu achei que pudesse ser de ter dirigido muito, mas não era, eram já sinais da Gigi aparecendo, mas confesso que na hora eu nem me liguei. 

    Dormi e acordei pela manhã com um sintoma típico de gravidez, comentei com meu marido e ele disse "será?" mas pareceu não levar muito a sério aquela possibilidade. Já eu? não pensava em outra coisa, queria tirar aquela "cisma", e voltar a levar minha vida sem aquela "desconfiança" de estar grávida...

    Levantei da cama, dei uma arrumada na casa, fiz almoço para família, almoçamos todos, e eu só pensando, sozinha naquilo. Tinha planejado ir ao mercado após o almoço, e no mercado havia uma farmácia, e lá eu pensava em comprar um teste para acabar de vez com a minha angústia, embora uma certeza de que alguém estava por vir meio que estava dentro de mim...

    Almoçamos, saí sem dar muita explicação, fui ao mercado, comprei o teste, fui ao banheiro e fiz o teste...Quando eu vi a segunda linha cor de rosa bem forte formando eu quase tive um treco! O banheiro da nossa casa era grandinho o que me proporcionou um certo espaço para andar, de um lado a outro por algum tempo.. eu também sentei, ajoelhei, chorei olhando para aquele exame e olhando para cima e dizendo: "E agora meu Deus?" .. Isso que Deus é bom e nesse dia o desespero era só o de "começar tudo de novo" , desconfortos da gestação, dor de parto, noites sem dormir, fraldas, dificuldades para amamentação, mais tempo que eu teria que arrumar para mais um filho.. enfim. Até esse momento, eram só essas as minha dificuldades, eu nem sonhava com o que estava por vir...

    Era dia dos pais, 14 de agosto de 2016.. Quando criei coragem, saí do banheiro, coloquei a fitinha do teste positivo em uma caixinha de presentes e entreguei ao meu marido acompanhado de um "Feliz dia dos Pais" ... Ele abriu, a principio me pareceu não entender ou pensar que era uma pegadinha, até que eu insisti, ainda emocionada, e então pareceu-me que ele finalmente acreditou no que estava acontecendo.. 

    Então, nós dois começamos a lembrar da profecia de 2 anos atrás, e a dizer que se era essa a vontade de Deus, então amém, nós estaríamos ali, firmes e fortes pra enfrentar aquilo. Mais uma vez reforço que até aí, nós não tínhamos ideia do estava por vir. 

    Uma mistura de alegria e desespero nos tomava, de fé e medo também, mas estávamos ansiosos e naquele mesmo dia contamos para as pessoas mais próximas de nossa família, e aguardamos para contar para a segunda parte dela no outro dia (segunda feira) pois nos reuniríamos em nossa casa.. nem deu tempo, antes que eu pudesse anunciar, um dos amigos que já sabia acabou espalhando a noticia, e aí me senti acolhida por todos, ninguém se mostrou aborrecido ou infeliz com a novidade, nem da família, nem dos nossos amigos mais próximos, e isso foi de grande conforto.

    Nesta segunda, dia 15/08/2016 a tarde, eu me preparava para receber nossos amigos em casa mais a noite, e eu confesso que estava um pouco abatida, ou como diriam em alguns lugares, estava "desacorçoada", e saí para comprar um ingrediente que faltava para a sobremesa da noite, e enquanto andava meio abatida na garoa fina e dia cinzento, eis que quem passa por mim na rua? Ela mesma, a Sueli, a manicure que profetizou uma filha para mim. 

    Quando eu a vi, fui logo para dar a ela a notícia, e ela sem nenhuma surpresa ou espanto, assim como quem já sabia só disse "Glórias a Deus, que se cumpra o propósito do Senhor na sua vida" , ela colocou a mão sobre meu ventre no meio da rua e disse "Essa criança vem para este mundo com um grande propósito de Deus" e eu só disse : "Amém!" Cada uma seguiu seu caminho.. 

    Eu lembro que essa segunda feira, foi o ultimo dia em que eu me senti bem fisicamente durante um longo tempo. Embora eu tivesse tido 2 abortos no passado, a sensação que eu tinha é que aquela criança era indestrutível, forte, e que nada iria acontecer a ela.. O sentimento de medo que me assolou nas outras gravidezes não existia nessa, e quando alguém dizia "você precisa se cuidar" , eu rebatia com "eu sei que está tudo bem".. Mas a partir da próxima terça feira eu comecei a sofrer demais com enjoos, náuseas absurdas, tonturas, um mal estar que só, e isso eu também desconhecia, não tinha sentido antes. Por exatas 14 semanas sofri demais com as náuseas, não conseguia fazer nada, sequer ficar com olhos abertos por causa dos enjoos e dores de cabeça.. 

    Eu fui pra faculdade, e uma amiga perguntou: -Adri, tem certeza de que está tudo bem? Você está muito inchada, e isso não é normal no inicio da gravidez, marca uma consulta e vai no médico logo e tal...Como era hora mesmo de buscar uma médica e iniciar um pré-natal, fui guiada (acredito que pelo Espirito Santo) a escolher uma médica que foi um anjo de Deus em toda minha gestão e até no pós parto também, a Dra. Chris. 

    No dia da primeira consulta, ela fez uma série de perguntas, perguntou se eu já tinha tido abortos e eu disse que sim, então ela pediu uma série de exames por conta do histórico de abortos, mas o tempo todo eu dizia, dessa vez está tudo bem, era uma certeza, um sentimento que eu não sei explicar de onde vinha, mas que eu não acreditava em perigo algum para aquela gravidez. 

    Lembro-me que não tinha plano de saúde ainda, e que quando orcei os exames particulares eles ficaram um fortuna (para minha condição financeira da época), e eu dizia, eu não preciso fazer esses exames, estou bem, o bebê está bem, isso é exagero de cuidado médico preventivo.. Nesse dia, em que eu tinha quase que decidido por não fazer os exames, pensando em quanto do enxoval eu conseguiria comprar com aquele valor, eu tive um pensamento que me soava como a voz do Espírito Santo ecoando dentro de mim, quase que como um "puxão de orelha". Em minha mente vinha como Deus dizendo "Eu te abençoo te colocando nas mãos da profissional renomada que você queria, num hospital que você não teria condições financeiras para se consultar, eu te dou tudo e você ainda quer ensinar a médica a fazer o trabalho dela? Então porque quis ela? Se é para fazer do seu jeito e não da forma que ela julga melhor?"

    Bom.. movida por aquilo que eu julguei ser uma "bronca de Pai", eu pedi o cartão de crédito do meu pai terreno e fiz o que acreditava que o Pai celestial esperava de mim que era: "obedecer a ordem médica", e .. ainda bem que o fiz.. Ao pegar os resultados dos exames aquela certeza que tudo estava bem se esvaiu, porque os resultados eram um tanto ruins.. tinha hipotireoidismo, tinha anemia, tinha alguma coisa num exame que detectava um nível de risco cardíaco e tinha também a até então para mim desconhecida trombofilia... e que essa última era a principal suspeita de  ser a causadora dos abortos anteriores, uma fator VIII de coagulação que deveria estar entre 50% e 150% estava em 381% e daí aquele inchaço todo..

    Bom, como eu estava dizendo, ainda bem que fiz esses exames e tive esse diagnóstico, imediatamente a médica iniciou com medicamentos anticoagulantes, entre eles, uma injeção, diária, dolorida e bem cara, foi um baque! Foram ao todo 286 injeções do dia que iniciamos, até alguns dias após o nascimento da Gigi, era para ser 45 dias após o parto, mas confesso que não tive forças e a partir do momento que ela estava do lado de fora e não era mais exposta ao risco de trombose no meu corpo eu não consegui fazer mais as injeções por muito tempo. 

Seringas das injeções diárias de Enoxoparina Sódica


    Cada injeção custava na época em torno de 50 reais, então seriam 1500 reais de injeção (só a injeção) fora o monte de outros remédios que eu tomava. Nossa situação financeira era delicada e bem em breve em já não conseguiria mais trabalhar por conta da condição de saúde. Cada dinheiro que meu marido recebia, ao invés de comprar comida, ele corria na farmácia e comprava injeções .. e o negócio não rendia, pois 1000 reais, dava apenas 20 dias de tratamento. Período difícil, mas como Deus em tudo é fiel, compramos injeções apenas nos 3 primeiros meses, e depois, por uma solução divina passei a ganhar as injeções do plano de saúde que eu nem tinha antes de estar grávida. Para quem sabe um pouco sobre as burocracias dos planos de saúde, as carências e essas coisas sabe que eu ter conseguido um plano que cobrisse tudo, inclusive o parto, exames caros e as injeções depois de estar grávida só pode ter sido um milagre. 


Gigi em meio as seringas do que chama de "Picadinhas de Amor"



    Foram muitas intercorrências médicas na gravidez, foram muitas entradas na emergência da maternidade, foi muito remédio, muita injeção, muitos exames, enfim muito cuidado...


Semanas antes do parto e equipada com meia antitrombo e monitoramento cardíaco.



     ...até que, com 38 semanas e 2 dias, após 6 semanas de repouso absoluto por contrações e ameaça de parto prematuro, a bolsa rompeu e a nossa amada Giovanna veio ao mundo por uma cesariana depois de 7 horas de trabalho de parto sofrido que só, as 19h24 do dia 07 de abril de 2017.



        Nós temos 4 filhos, e um dia, enquanto tínhamos 3, eu me sentia muito completa, porém hoje, acredito que todos nós não conseguimos imaginar a nossa vida sem o nosso "xuxuzinho". A Gigi é o barulho, mas também a alegria da casa, ela é intensa em suas vontades, opiniões e expressões, a Gigi é um ser iluminado que veio para agregar ainda mais felicidade em nossas vidas.. E quais outros propósitos ela venha a ter nessa terra eu ainda não sei, mas hoje eu tenho certeza de que um deles é o de fazer de nós (eu e o pai dela) pessoas melhores, e com mais um testemunho do agir de Deus em nossas vidas.


Família completa!



    Apesar de todas as dificuldades na gravidez, a Giovanna nasceu saudável, e segue se desenvolvendo saudável. Ela contrariou a expectativa do baixo peso em bebês cuja a mãe tem trombofilia e nasceu gordinha, beirando os 4kg, enfim a Giovanna foi nosso segundo bebê milagre, de uma forma diferente da do Gustavo, mas mostrando o agir e o cuidado de Deus conosco em todo tempo em que passamos. 

    E assim, porém com muitos mais detalhes que não daria conta de escrever todos de uma só vez foi que veio ao mundo o nosso milagrinho Giovanna, hoje já com 4 anos de idade <3 



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